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terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais homenagens à Brasília

Apesar dos escândalos, Brasília merece ser celebrada! Nossa cidade da esperança é muito maior do que os homens e mulheres que a tem envergonhado!

Brasília

Caminho entre carros em suas avenidas,
busco trechos poéticos em sólidos espaços
de flores artificiais e concreto armado.
Deslizo em seu asfalto,
vazo e volto como gosma
sem conseguir me impregnar em seu corpo.

Visito palácios onde já não existem reis,
meus passos lentos se abrem ao seu infinito.
Seu céu azul insiste em me transformar em romântico,
eu, surrealista, me despeço
calcando muros inexistentes.

Me alucino.
Me entrego a você,
mulher de ouro dos ladrões,
miserável invenção de cabeças gananciosas
verme inoportuno que não atrai.

Não sinto em seu corpo esquelético,
mesmo embrenhando por suas veias expostas,
a liberdade vir morar.

Karma que, em você,
força anticósmica,
nesse tempo de todas as crenças,
estabelece visitantes da além loucura,
que estudam seu cerrado:
buscam respostas, saem com indefinições.

Estação sem nome,
porto para os barcos de todas as nações.
Tempo que não passa nem no fim.
Devassidão. Solitude. Medo.
Senhora dos desejos,
por tanta dor causada,
anuncia:
- Tenho as portas abertas!

Cigarras vêm,
zumbem em seus mangueirais,
zumbem até morrer,
norma selvagem.

Ésio Macedo Ribeiro, poeta mineiro, nasceu em Frutal.
Poema transcrito da antologia “Poemas para Brasília”, de Joanyr de Oliveira.





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