Eis me aqui...

Eis me aqui...
Ok..31 anos atrás eu era assim...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O consumo e as crianças

Quando eu era criança, meu sonho era ter uma Barbie Noiva. Via minhas amigas ganhando Barbies  lindas, cheias de acessórios...e eu nada. Meus pais embora funcionários públicos, tinham o dinheiro contado: pra pagar água, luz, telefone, comida, escola particular, inglês, natação, remédios... a prioridade era sempre a educação. Livros e afins próprios para a pesquisa nunca faltavam em casa, mas luxos como bonecas da moda, sandálias da moda, patins... Era outra história. Pensava sempre no décimo terceiro e nas férias, um dinheiro extra que ia dar pra comprar aquela Barbie, aquela roupa, aquela sandália...ilusão...essa grana extra era sempre usada na reforma ou manutenção da casa, casa própria, em bairro de classe média e que nos dava extremo conforto.  Um dia minha Barbie chegou de presente de aniversário... e era a “Barbie Feliz Aniversário”, de vestido rosa esvoaçante, scarpan rosa choque e bolsinha da mesma cor. Que frustração! Onde estava a minha Barbie toda de branco, com um véu enorme, sapatinho de cristal e pronta pra cair fora da casa dos pais e viver a própria vida com um lindo marido? Hoje isso parece extremamente  prosaico ! De onde tirei que a única coisa que iria me realizar seria uma Barbie noiva? Lembro hoje que de fato nenhuma das minhas amigas tinha a Barbie Noiva, mas era a única que eu achava perfeita. E essa é só uma das coisas que desejei e não tive, só que não ter tido esses bens de consumo não me fez uma pessoa pior, menos inteligente ou menos sociável (tá bom admito que não sou muito sociável, mas é algo nato e nada tem a ver com a pobre Barbie). Comungo da idéia da urgência da infância... Postulado em diversos documentos legais e acadêmicos que dizem que crianças são seres plenos, em situação de desenvolvimento peculiar, complexas e pensantes. Tenho dos meninos, um deles que já deseja e consome determinados objetos. Também desejo e consumo determinados objetos, mas tendo fazê-lo de forma mais racional, dentro de meu orçamento e de prioridades. Meninos... Eles não querem Barbies, Polies ou Happy Moms, mas nem por isso deixam de ser consumistas, motivados a maior parte das vezes pela mídia que os trata como seres manipuláveis e manipuladores, que serão poderosa ferramenta de convencimento de compra aos adultos. Já notou que nas propagandas dirigidas às crianças utilizam sempre verbos imperativos? Compre, Use, Peça...elas os convencem verdadeiramente que para fazerem parte da sociedade e serem aceitos pelos grupos ao qual fazem parte devem Ter e não SER. Sofri com isso e não pretendo permitir que meus filhos sofram! Não vou fazer das tripas coração no intuito de adquirir produtos sem valor ético para vida de meus filhos para que eles façam parte dessa sociedade perversa! Meus pais tinham razão...a prioridade é educação, mas também é lazer, é cultura, é vínculo, é laço afetivo e troca e nada disso está disponível no mercado e nem é mostrado em propagandas. Me vejo em uma missão ética, uma vez que sou geradora e criadora de homens, de torná-los Homens, com valores, com história e preparados para as mudanças sociais, de gênero, políticas, ecológicas e todas as outras que estão por vir. Quero que meus filhos possam lidar com as diferenças de maneira natural e que não tenham pré-conceitos  a respeito destas diferenças. Não os quero reféns de consumo, mas porta-vozes de maneiras melhores de se viver. Tenho investido agora em livros, em conversas, em jogos de tabuleiros, jogos eletrônicos (não há como fugir disso, até eu gosto!), churrascos no domingo, piscina inflável em casa, passeio na casa dos avós, zoológico, parques, filmes e férias em família. Todo o tipo de convivência social, comunitária e familiar é minha prioridade nessa jornada de educação e exercício de maternidade.  Maternidade cheia de erros e defeitos, exatamente como um ser humano deve ser.  A perfeição não existe e nem deve ser tentada quando se trata de filhos. Não somos perfeitos e nem eles. Olha que minha aprendizagem sobre a não perfeição tem sido um aprendizado à fórceps! Sou altamente exigente comigo mesma e tenho exigido mais do que deveria dos que convivem comigo! Essa foi minha reflexão de hoje! Qual foi a sua?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Já em ritmo de dia das mães!

Compartilho texto postado por uma amiga em uma das comunidades de mães que participo. É no mínimo reflexivo, em especial para mulheres multifacetadas como eu e você!
Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas..
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

Martha Medeiros - Jornalista e escritora.
Leda Atômica by Dali

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Salve Jorge!

Dia de São Jorge


Diz a lenda que Jorge, guerreiro vindo da Capadócia, Turquia, teria salvo uma princesa das garras de um terrível dragão. Jorge, com sua espada, domou o dragão, que a princesa conduziu de volta a seu povoado como um manso cordeirinho. O misterioso cavaleiro disse ter vindo em nome de Cristo e que todos deveriam se converter. Por fim, o glorioso mártir foi condenado à morte por ter renegado os deuses do império. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão inflexível que a própria mulher do imperador Diocleciano converteu-se ao cristianismo. Embora Jorge não seja mais considerado santo pela Igreja católica, seu culto é autorizado pela tradição. São Jorge é patrono da Inglaterra, Portugal, Geórgia e Lituânia.
(fonte: SGARBOSSA, Mario e GIOVANNINI, Luigi - Um santo para cada dia, São Paulo: Paulus, 1983, 9ª ed.)



Oração a São Jorge
        Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos tendo pés, não me alcancem; tendo mãos, não me peguem; tendo olhos não me vejam e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus com sua Divina Misericórdia e grande poder seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
(Tradição popular)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia da Terra.


Em homenagem ao dia da Terra, compartilho belíssimo vídeo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais homenagens à Brasília

Apesar dos escândalos, Brasília merece ser celebrada! Nossa cidade da esperança é muito maior do que os homens e mulheres que a tem envergonhado!

Brasília

Caminho entre carros em suas avenidas,
busco trechos poéticos em sólidos espaços
de flores artificiais e concreto armado.
Deslizo em seu asfalto,
vazo e volto como gosma
sem conseguir me impregnar em seu corpo.

Visito palácios onde já não existem reis,
meus passos lentos se abrem ao seu infinito.
Seu céu azul insiste em me transformar em romântico,
eu, surrealista, me despeço
calcando muros inexistentes.

Me alucino.
Me entrego a você,
mulher de ouro dos ladrões,
miserável invenção de cabeças gananciosas
verme inoportuno que não atrai.

Não sinto em seu corpo esquelético,
mesmo embrenhando por suas veias expostas,
a liberdade vir morar.

Karma que, em você,
força anticósmica,
nesse tempo de todas as crenças,
estabelece visitantes da além loucura,
que estudam seu cerrado:
buscam respostas, saem com indefinições.

Estação sem nome,
porto para os barcos de todas as nações.
Tempo que não passa nem no fim.
Devassidão. Solitude. Medo.
Senhora dos desejos,
por tanta dor causada,
anuncia:
- Tenho as portas abertas!

Cigarras vêm,
zumbem em seus mangueirais,
zumbem até morrer,
norma selvagem.

Ésio Macedo Ribeiro, poeta mineiro, nasceu em Frutal.
Poema transcrito da antologia “Poemas para Brasília”, de Joanyr de Oliveira.





Parabéns Brasília! 50 anos e ainda és uma mocinha!!


Tendo em vista que amanhã é o aniversário da cidade de Brasília, cidade essa que acolheu meus pais logo em seu início e que me viu nascer e onde me criei e onde estou criando meus filhos, compartilho com os amigos um pouco de sua história!

A idéia de fixar o governo do Brasil no interior existe desde 1810. Desde aquela época, a preocupação era com a segurança nacional. A capital deveria ficar longe dos portos e de áreas de mais fácil acesso de possíveis invasores. Em 1891, o artigo 3º, da Constituição promulgada naquele ano determinava uma área de 14 mil quilômetros quadrados seria demarcada no Planalto Central, para onde seria transferida a futura capital do País.
Dando prosseguimento à determinação do artigo, em 1892, uma expedição da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil seguiu para o interior e construíram quatro marcos na região. Foi a chamada Missão Cruls, em homenagem ao seu líder, o astrônomo Luís Cruls. Em sete meses, vários geólogos, médicos, botânicos, entre outros percorreram mais de 4 mil quilômetros pesquisando minuciosamente a fauna, flora, recursos naturais, topografia, etc. A área pesquisada e demarcada foi batizada com o nome de Quadrilátero Cruls. O resultado da expedição foi entregue em 1894, um relatório contendo todas as informações da região.
Entretanto, somente em 1946 fora tomadas novas atitudes em relação à transferência da Capital. Na Constituição promulgada naquele ano estava previsto que um novo estudo sobre região fosse feito. Em 1948 o presidente Eurico Gaspar Dutra nomeou a Comissão Poli Coelho, que, depois de dois anos, chegaram à conclusão de que a área demarcada pela Missão Cruls era a ideal para a nova capital. Em 1955, o presidente Café Filho delimitou uma área de 50 mil quilômetros quadrados, onde hoje é o atual Distrito Federal.
No ano seguinte, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira começou o processo de instalação da Nova Capital e viajou pela primeira vez ao Planalto Central. Depois de um concurso, a equipe do urbanista Lúcio Costa e o grupo de arquitetos encabeçados por Oscar Niemeyer ganhou carta livre para projetar Brasília. Em pouco tempo já estavam prontos os desenhos de todos os prédios públicos e grande parte dos residenciais. Já Lúcio Costa, partiu do traçado de dois eixos, cruzando-se em ângulo reto, como uma cruz para criar o projeto urbanístico brasiliense. Os dois eixos foram chamados de Rodoviário e Monumental. O Eixo Rodoviário, que cortaria as áreas residenciais do Plano Piloto, foi levemente arqueado para dar à cruz a forma de um avião, nascendo, assim, a Asa Norte e Asa Sul. Enquanto o Eixo Monumental, com 16 quilômetros de extensão, seria destinado para as autarquias e monumentos. Ele foi dividido da seguinte maneira, no lado leste prédios públicos e palácios do governo, no centro a Rodoviária e a Torre de TV; e no lado oeste os prédios do Governo do Distrito Federal.
No dia 21 de abril de 1960 foi inaugurada a nova capital do Brasil e nascia uma das cidades mais místicas e belas de todo o mundo. A mística em torno da capital surgiu ainda no século XIX, quando Dom Bosco profetizou que surgiria uma nova civilização entre os paralelos 15 e 20. Outras várias profecias, lendas e crenças surgiram com o nascimento de Brasília. Há quem diga que a região do Distrito Federal é propício para a aterrizagem de discos voadores e contato com extra-terrestres. Esse lado mágico de Brasília fez surgir algumas comunidade não ortodoxas no Distrito Federal. A Cidade Eclética e o Vale do Amanhecer têm autonomia para viver ao seu modo, conforme suas próprias crenças.
Com a inauguração e a promessa de um futuro melhor, em meio a uma analogia de um oásis no deserto, a migração para o Distrito Federal foi inevitável. Logo surgiram cidades dormitórios em torno do Plano Piloto que foram batizadas de satélites. Recentemente, manobras políticas resultaram em uma nova migração em massa para o Distrito Federal. O inchaço urbano foi tanto, que Brasília já possui uma área metropolitana sem ainda ter desenvolvido um pólo industrial local. O planejamento urbanístico de Lúcio Costa, previa 500 mil habitantes no ano 2000. Em janeiro deste ano, chegamos a 2 milhões de habitantes, quatro vezes mais que o planejado.
O nome Brasília já vem de longa data. Foi sugerido em 1823 por José Bonifácio, em memorial encaminhado à Assembléia Geral Constituinte do Império. 150 anos depois do chanceler Veloso de Oliveira ter apresentado a idéia ao príncipe-regente. Desde 1987, a Unesco reconhece Brasília como Patrimônio Histórico e Universal da Humanidade.
Aqui, algumas fotos históricas...
Aqui os locais que amo em minha cidade...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Homenagem ao meu primogênito

Ando ausente devido ao trabalho que me consome...tenho visto pouca tv, lido muito pouco, mas escuto o tempo todo...não só como psicóloga, chefe, supervisora, mãe, esposa, confidente e amiga...tenho ouvido diversos sons, vozes, lamentos, alegrias...um dia desses durante os intermináveis engarrafamentos de minha cidade ouvi os "Devaneios de Juca de Oliveira" na Bandnews e lembrei do meu filho mais velho...compartilho o texto escrito com vocês.
O Menino Que Carregava Água Na Peneira


Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.
(Manuel de Barros)